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Agências de checagem apontam que a ação de Lula contra fake news tem um viés político

A Secom lançou um site sem seguir o princípio de verificação.

Agências de checagem de fatos acusam o governo de “apropriação indevida” e “politização do combate à desinformação” em ação contra fake news, como o site BrasilContraFake lançado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

Lula anunciou uma plataforma para combater a desinformação em um tuíte no domingo.

“O Brasil sofreu muito com mentiras nas redes sociais nos últimos anos. Precisamos fortalecer uma rede de verdade. O @govbr lançou nesta semana uma plataforma de checagem de informações e combate à desinformação.”

Agências não contam com checagem de fatos do governo, pois o processo deve ser independente e apartidário.

O site não segue princípios básicos de checagem, como indicar fontes e metodologia, além de transparência no processo de escolha do conteúdo.

A Agência Lupa identificou que alguns conteúdos verificados são notas de esclarecimento do governo.

De acordo com a Lupa, em uma publicação sobre o aumento do desmatamento em fevereiro, o governo confirma aumento do desmatamento, mas alega que as políticas públicas ambientais têm efeito a médio e longo prazo. Não foram apresentados links para as bases de dados relevantes.

“Isso não é checagem de fatos, é assessoria de comunicação do governo”, diz Daniel Bramatti, editor do Estadão Verifica, à Folha. “O governo tem o direito de esclarecer informações erradas sobre políticas públicas, mas isso não é checagem, não queremos uma Fakebras, uma visão estatal sobre o que é fato e o que não é.”

“É contraditório para um governo que tem tratado o combate à desinformação como prioridade fazer essa politização do combate à desinformação”, afirma Natália Leal, diretora-executiva da Lupa.

O ministro da Secom afirmou que a plataforma não tem intenção de ser uma agência de checagem de fatos ou competir com os checadores:

“Estamos apenas reunindo esclarecimentos de informações falsas sobre diversos ministérios e medidas do governo. Não fazemos checagem, até porque somos governo, não somos isentos.”

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